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O que não te contaram na igreja sobre o dízimo




O Dízimo é um assunto polêmico que causa divisão de opinião entre os cristãos. Principalmente, com tantos abusos por parte da liderança eclesiástica de muitas igrejas, que vivem como reis, abastados, enquanto o socorro dos domésticos na fé, é negligênciado. 

Então, o que é o dízimo? Quando começou essa prática e quais as finalidades de sua observância? Como a igreja deve entender e se posicionar diante da prática do dízimo? 

Ele é válido para o nossos dias? Este assuntos e outros é o que eu espero explicar neste artigo para vocês.

A origem do Dízimo

A palavra dízimo tanto no grego, como no hebraico, significa "dez por cento".

Biblicamente, a origem dessa prática, é atribuído ao patriarca Abraão, sendo que o dízimo só se tornou um mandamento para a nação de Israel, 400 anos depois, com a separação da tribo de Levi para prestarem serviços a Deus, no Tabernáculo.

Existiam pelo menos quatro tipos de dízimos, que eram obrigatórios em Israel. O primeiro era chamado de  dízimo Levítico, o segundo era o dízimo dos dízimos, o terceiro era o dízimo Festivo e o quarto era o dízimo trienal.

1. DÍZIMO LEVÍTICO, o dízimo entregue para o sustento dos levitas (Nm 18.21-24)

Esse dízimo era feito uma vez no ano após as colheitas, e entregue para o sustento dos levitas. Já que a tribo de Levi, não possuía terras como as outras tribos de Israel e levavam uma vida totalmente separada para o Senhor; e como não podiam trabalhar para sustentar suas famílias, era papel da nação de Israel, sustentá-los, para que os mesmos, mantivessem seus trabalhos em tempo integral na Casa do Senhor.

2. DÍZIMO DOS DÍZIMOS

Era um dízimo especial que os levitas davam exclusivamente aos Sacerdotes. Após receberem o dízimo da nação de Israel, eles separavam a décima parte de tudo para ser entregue ao Sacerdote, por isso era chamado o "dízimo dos dízimos".

4. DÍZIMO FESTIVO  (Dt 14.22-24)

Após separarem o primeiro dízimo, o povo de Israel também separava um segundo dízimo para ser usado em uma celebração de gratidão e temor a Deus com toda a família no lugar de adoração ao Senhor. Era um mandamento que os israelitas deviam obedecer, sem descumprir o primeiro (Dt 14.26-27).

3. DÍZIMO TRIENAL ( Dt 12.13, 14. 23-26)

O primeiro dízimo era para o sustento dos levitas, e o segundo dízimo era para ser usado pelo próprio doador, para celebrar ao Senhor juntamente com a sua família, porém a cada três anos esse segundo dízimo deveria ser usado para auxiliar as viúvas, os órfãos e os estrangeiros. Era um dízimo voltado a ação social em Israel.

O QUE PODEMOS APRENDER COM A PRÁTICA DO DÍZIMO

O dízimo no Antigo Testamento era santo ao Senhor, era uma forma de reconhecimento pelas bênçãos que Deus dava  a nação de Israel. Servia tanto para o sustento dos levitas com suas famílias, como também para ajudar as pessoas carentes de Israel. Aprendemos aqui três importantes lições.

1. O cuidado de Deus com os levitas.

Deus proveu por meio da entrega do dízimo, o sustento aos levitas e as suas famílias, prova de sua generosidade pelos seus serviços, prestados ao Senhor.

Apesar  da igreja primitiva não ter adotado esse sistema de contribuição, tal como era na Antiga Aliança, o princípio permanece o mesmo, para aqueles que são separados pelo Senhor, para o santo ministério, como escreveu Paulo: 

"Vocês não sabem que Deus disse aos que trabalhavam no templo que dos alimentos levados ali como ofertas a ele tirassem uma parte para o seu próprio alimento? E os que servem diante do altar recebem uma parte do alimento que é levado ali por aqueles que o oferecem ao Senhor. Do mesmo modo, o Senhor deu ordens para que aqueles que pregam o evangelho sejam sustentados pelo evangelho" (1Co 9. 13,14).

2. O cuidado de Deus com a família.

Deus nos abençoa para sermos abençoadores, e também para desfrutarmos das bênçãos que Ele nos dá, nós e toda a nossa casa. O fato de Israel separar um segundo dízimo para festejar ao Senhor, juntamente com a sua família, nos revela isto. Não podemos privar nossa família das bênçãos que Deus nos dá, afinal, a nossa família é a nossa primeira igreja. Por isso, como bom mordomo de Cristo, administre os recursos que o Senhor te dá, com prudência e sabedoria para que não negligêncie  a sua contribuição a igreja local, e nem com o bem estar da sua família.

3. O cuidado de Deus com os necessitados.

A prática do dízimo trienal é uma lição a ser imitado em nossos dias, pois muitas igrejas estão preocupadas, com construções e congressos, que se esquecem de socorrerem os pobres em suas necessidades. Já imaginou, se os grandes congressos e convenções evangélicos em nosso país, acontecessem para arrecadar fundos, para construir moradias para os desabrigados, orfanatos, centros de recuperação, ou até mesmo fossem para arrecadar alimentos para as pessoas carentes,  como seria diferente muita coisa? Pensem nisso. É claro que as obras sociais não são prioridade da Igreja, mas pregar o Evangelho de Cristo. Todavia, como pregaremos o Evangelho, se negligenciarmos o pão ao próximo?

O DÍZIMO E AS IGREJAS CRISTÃS

Por ter sido incorporado na lei mosaica, a prática do dízimo não é obrigatório a Igreja de Cristo. Uma prova clara disto, é a Igreja primitiva, que não seguia esse preceito da lei, mas ofertavam ao Senhor, segundo as suas posses.

O costume de dar o dízimo entre os cristãos, é a atribuído a Igreja Católica Apostólica Romana, que estabeleceu em 567 d.c, pelo Sínodo Regional de Tours (Gália), que os fiéis entregassem 10% de tudo aquilo que possuíam a igreja, "com a justificativa que era  necessário para expiação dos pecados da população, sobre a qual pesavam guerras e calamidades". 

Em 585 no Concílio de Macon (Gália), "os padres conciliares houveram por bem impor a excomunhão a quem se furtasse a pagar sua contribuição à comunidade eclesial". No século XI, a Igreja teve o apoio de Carlos Magno, rei dos francos, que ordenou que os franceses pagassem o dízimo ao clérigo, sob pena de multa de 60 solto para quem se recusassem. Conforme alargava seu império, difundia a cobrança do dízimo nas regiões conquistadas. Inspirando outros governos a aderiram a está prática também.

Com a separação entre Igreja e Estado, a partir do século 18, o dízimo voltou a ser um tributo exclusivamente religioso, agora com a justificativa de ser usado para : "a manutenção do culto, dos ministros do culto, das obras de piedade e caridade" (Cân. 222,1).

Após a reforma protestante, muitas igrejas mantiveram a prática do dízimo como meio de sustentabilidade dos trabalhos da igreja local. Hoje a maioria dos cristãos ainda são a favor do dízimo, outros nem tanto, como a Congregação Cristã do Brasil, que recebem dos seus fiéis, apenas doações e ofertas.

Com o mal uso do dízimos e ofertas, por parte dos líderes religiosos, muitos se questionam se é lícito continuar com essa prática. Já que a maioria dos pastores, usam o dízimo para o seu próprio bem, em vez de usarem esse recurso em favor da igreja local. Gerando cada vez mais, indignação por parte dos fiéis, para com essa prática.  É bom lembrar também, que existem igrejas compromissadas com o Reino de Deus, que recebem dízimo dos seus fiéis, entregue de forma voluntária, para que o mesmo, seja usado para o sustento de pastores e missionários, ao redor do mundo, assim como manter casas de apoio, creches, escolas e obras sociais, sempre com o objetivo maior de comunicar a todos o Evangelho de Jesus Cristo.

É ERRADO DAR DÍZIMO?

O dízimo como obrigação legal não é mantido na Igreja de Cristo, pois não está incorporado na lei do Novo Testamento. Na Igreja primitiva, as ofertas eram feitas de acordo com a generosidade e as posses de cada um. Alguns versículos bíblicos que abordam esse princípio são: At 2. 44,45; 4. 32-35; 1Co 16.2; 2 Co 9.7. Por isso a prática do dízimo tal como regia a lei, já não se aplica a igreja hoje, mas seus princípios sim.
 
Os princípios do dízimo que ainda são aplicáveis à Igreja hoje, mesmo que a obrigação legal do dízimo do Antigo Testamento não seja mantida, incluem:

1. Generosidade: O foco está em dar de coração generoso e voluntário, motivado pelo amor e pelo desejo de apoiar a obra de Deus e atender às necessidades dos outros (2 Coríntios 9:7).

2. Contribuição Regular: Embora o Novo Testamento não estabeleça um percentual específico ou método de doação, ele incentiva os crentes a contribuir regularmente e de forma sistemática conforme prosperam (1 Coríntios 16:2).

3. Apoio ao Ministério e às Necessidades: Os recursos dados pelos crentes são usados para apoiar o ministério da Igreja, suprir as necessidades dos irmãos e promover a obra de espalhar o Evangelho (Atos 2:44-45; 4:32-35).

4. Responsabilidade Pessoal: Cada crente é responsável por decidir quanto dar com base em suas próprias circunstâncias e na direção do Espírito Santo, em vez de uma exigência legal (2 Coríntios 9:7). 

Você pode não ser um dizimista, mas ainda assim não pode deixar de servir ao Senhor com as suas finanças, onde não é um valor fixo que determinará o quanto deves oferta ao Senhor, mas um coração grato e adorador, pois ofertar ao Senhor também é um ato de adoração.

Pois sabemos, que é responsabilidade da igreja sustentar o pastor,  os missionários e manter as obras sociais da igreja local, e isso só é possível se a igreja tiver dinheiro. Não podemos ser hipócritas e ignorarmos isso, e esses recursos vem em forma de doações, ofertas e do dízimos. Assim o dízimo é um modelo de contribuição, um ponto de partida do quanto podemos ofertar na congregação. 

Ao seguir esses princípios, os crentes continuam o espírito de doação e apoio à obra de Deus na Igreja e na comunidade, mesmo que a prática específica do dízimo conforme descrito na lei mosaica não seja diretamente aplicada no Novo Testamento.

Como igreja de Cristo, não contribuímos por obrigação ou avareza, mas por amor a Deus que nos dar o sustento, a vida e a certeza da nossa salvação. Sejamos, portanto, gratos a Deus e generosos, pois tudo pertence ao Senhor (Sl 24.1). Não podemos ser negligentes, mas devemos praticar a caridade e estender a mão também para aqueles que são chamados pelo Senhor, para apascentar, cuidar, instruir e fortalecer a fé dos santos. Como nos ensina o Evangelho de Cristo (Ef 4.11-13; Gl 6.6; 1Co 9.9-14). Pois "assim também ordenou o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho" (1Co 9.14).

Que Deus em Cristo, vos abençoe, em nome de Jesus.  Amém.


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