O que nossas escolhas musicais e audiovisuais dizem sobre nosso testemunho cristão?

 


  Hoje, mais do que nunca, a vida cristã é desafiada por influências externas que, muitas vezes, passam despercebidas por estarem disfarçadas de entretenimento. Filmes, músicas, vídeos curtos e trends nas redes sociais estão por toda parte — e com isso, muitos cristãos, inclusive veteranos na fé, acabam incorporando elementos seculares à sua rotina sem o devido discernimento.

Mas será que isso é realmente inofensivo? O que a Bíblia nos ensina sobre esse tipo de prática? Como devemos nos portar diante da enxurrada de conteúdos disponíveis na internet?


O Avanço das Redes Sociais e o Uso Irrefletido de Conteúdo Secular

  Com o crescimento das redes sociais, é comum vermos cristãos postando fotos e vídeos do cotidiano: momentos em família, lazer, viagens e comemorações. Até aí, nada errado. O problema surge quando, por comodidade ou descuido, escolhem músicas sugeridas pela própria plataforma — músicas seculares, muitas vezes com letras que não glorificam a Deus e que até contradizem os princípios da fé cristã.

Infelizmente, muitos não se dão ao trabalho de ouvir a letra, analisar a mensagem, ou refletir sobre o impacto espiritual daquele conteúdo. O critério torna-se simplesmente: "A melodia é bonita." Mas será isso o suficiente?


 Tudo Deve Glorificar a Deus — Inclusive o que Postamos.


  A Bíblia é clara ao dizer que todas as nossas ações devem glorificar a Deus. O apóstolo Paulo escreveu: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para glória de Deus.” (1 Cc 10:31)

Se até coisas tão comuns como comer e beber devem ser feitas para a glória de Deus, quanto mais aquilo que postamos e compartilhamos com centenas — ou milhares — de pessoas? Cada publicação é, de alguma forma, um testemunho.


Nem Tudo que é Lícito Edifica


  É importante lembrar que, como Paulo também afirmou:  “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas edificam.” (1 Co 10:23)

Não é apenas sobre “poder ou não poder”, mas sobre aquilo que convém a alguém que se identifica com Cristo. A música que você escolhe, o filme que você assiste, a mensagem que compartilha: tudo isso tem o poder de edificar — ou de escandalizar.


 O que Deve Ocupar Nossa Mente


  Filipenses 4:8 é outro texto essencial para essa reflexão:  “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.”

Essas qualidades devem ser o filtro para nosso consumo e produção de conteúdo. Se a música, filme ou publicação não passa por esse filtro bíblico, por que dar lugar a isso na nossa vida e, pior ainda, compartilhar publicamente?


 O Cristo que Está no Centro da Nossa Fé Deve Estar no Centro da Nossa Vida

De Gênesis a Apocalipse, Cristo é o centro das Escrituras. O mesmo deve ser verdade em nossa vida. Não há “vida secular” e “vida espiritual” para o cristão verdadeiro — tudo é para Cristo, tudo é por Ele e para Ele.

Ao usar uma música ou conteúdo que não glorifica a Deus, mesmo que sem intenção, estamos dizendo indiretamente que Cristo não está no centro daquela área da nossa vida — seja o lazer, a família, as amizades ou as redes sociais.

Além disso, podemos causar escândalo e confusão para outros irmãos na fé. Muitos observam nossos perfis, nos tomam como referência, e podem ser levados a agir da mesma forma, pensando que é algo aceitável.


A Alternativa: Testemunhar com Sabedoria


Se você vai postar um vídeo, uma foto ou um momento em família, por que não escolher uma música cristã, um louvor que exalte a Deus, um hino que fale da sua fé? Há tantos conteúdos belíssimos, edificantes, cristocêntricos, que podem transmitir vida e esperança aos que visualizam.

Dessa forma, você não apenas compartilha momentos, mas testemunha. Mostra que Cristo está com você na alegria, na rotina, no descanso e em todo o tempo.

Santidade Também se Reflete no que Compartilhamos

 “Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pedro 1:16)

Santidade não é apenas o que fazemos no templo ou no domingo. É separação para Deus — em tudo. Se Cristo está em mim, Ele também deve ser visto na minha vestimenta, na minha linguagem, nos meus gostos e nas minhas redes sociais.

Vigiemos, irmãos. Não sejamos levados pelo modismo ou pelo costume da maioria. A Palavra nos chama à sobriedade e à vigilância. Que nossas escolhas reflitam o Deus que habita em nós. Que nossas redes sociais sejam também ferramentas de evangelização, não de contradição.

 “E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17)




Entendimento Antes da Emoção: A Verdade Que Gera Avivamento

 


  Em muitos círculos do meio pentecostal, desenvolveu-se um padrão onde a espiritualidade de uma pregação ou de um louvor é medida pelo nível de emoção que provoca. Se não houver lágrimas, gritos ou manifestações visíveis, logo se conclui que "Deus não falou". Mas será que essa é a verdadeira métrica bíblica de uma mensagem cheia do Espírito?

Não é errado chorar durante uma pregação. As lágrimas podem, sim, ser uma resposta legítima à ação do Espírito Santo. No entanto, emocionar-se sem compreender a mensagem é como ser um vaso bonito, mas vazio. A emoção, quando não acompanhada de entendimento, não gera raízes — e sem raízes, não há fruto duradouro.

Jesus, o Mestre dos mestres, tinha uma metodologia clara: Ele ensinava para alcançar o entendimento de seus ouvintes. Por meio de parábolas, Ele tornava verdades profundas acessíveis ao coração e à mente. O objetivo não era simplesmente comover, mas iluminar a mente para que, a partir da compreensão, a transformação acontecesse (Mateus 13:10-17).

A parábola do semeador (Mateus 13:1-23) é um alerta poderoso. A semente que caiu em solo pedregoso brotou rapidamente, mas por não ter raiz, logo secou quando o sol apareceu. Isso nos mostra que uma resposta superficial, puramente emocional, sem entendimento e profundidade, não resiste ao calor da provação. Emoção sem raiz é entusiasmo passageiro.

O verdadeiro avivamento não é fruto de gritos ou arrebatamentos momentâneos, mas de compreensão clara da verdade. O evangelho precisa atingir a inteligência antes da emoção, pois só assim a fé será sólida. Como disse o apóstolo Paulo:
"E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento" (Romanos 12:2).
É pelo entendimento que há transformação, e não apenas pela emoção.

Paulo ainda afirma em 1 Coríntios 14:19:
"Todavia, na igreja, antes quero falar cinco palavras com o meu entendimento, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida."
Esse ensino reforça que o alvo da pregação deve ser edificar o entendimento, não apenas excitar os sentidos.

Infelizmente, em muitos cultos, tanto na pregação quanto no louvor, adota-se uma metodologia emocionalista: busca-se provocar sentimentos fortes, mas pouco se preocupa com a clareza da mensagem. O perigo disso é criar uma geração de crentes que vivem por sensações, e não por convicções. Quando a emoção acabar — e ela acaba — muitos abandonam a fé que nunca compreenderam de fato.

A mensagem da cruz é poderosa, mas precisa ser entendida. Sem compreensão da graça, do pecado, da redenção e da vida eterna, não há arrependimento genuíno. A emoção pode até ser despertada, mas só o entendimento da verdade pode gerar arrependimento, conversão e transformação duradoura (João 8:32).

Portanto, que choremos sim, mas choremos com os olhos abertos e o coração cheio da verdade. Que nossas lágrimas sejam fruto de um coração quebrantado porque entendeu a grandeza do amor de Deus, a gravidade do pecado e a beleza da salvação.

Emoção sem entendimento é ilusão. Mas emoção gerada pela verdade é avivamento.